terça-feira, 19 de abril de 2011

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"Tomei o último gole daquela garrafa, meu olhar pesou. Aquelas pessoas não eram mais importante pra mim do que o silêncio. Saí em disparada e não me despedi, pensei ter ouvido alguém gritar o meu nome, pensei, mas acho que não ouvi. Entrei naquele carro com tanta vontade, esqueci do cinto, peguei a estrada mais longa, eram dois quadros verdes em rápida movimentação nas minhas janelas, linhas retas contornavam o infinito à minha frente.
Enquanto houvesse gasolina, cigarro e solidão, meus pés pesariam e empurrariam minha vida à diante. O som era feio, de rádio, e isso encantava mais ainda Thirteen da banda Big Star, lembrei da minha mãe, de uma paixão desimportante e me senti longe demais pra voltar pra casa.
Em  1968, eu não tinha pra onde voltar".

Eu sou assim quando escuto essa música.
Talvez lembranças de uma outra vida.



Em Partir

Tu, eles e todos juntos unidos no bandidismo visceral de cortar com palavras, me roubando qualquer dito de defesa. 

É ilegal, irresponsável ou estratégico?

Fiquei pensando no olhar que modifica, que atrai, que estranha, que repele, e aquele que se desdobra em entender. Chorei, minha tristeza foi revelada sem nenhum obstáculo, mostrei-me fraco frente as portas se abrindo, estraçalhando meu peito com luz. Fui de um fácil entender, e entendi o afetuoso toque do cafuné, o olhar que parecia sobrevoar meu pensamento, numa calma silenciosa e ao mesmo tempo ensurdecedora de tanto que me gritava. 
Não era as palavras não ditas, arquitetadas ou cuspidas da boca.  Era minha vontade de sumir, que se realizava no repousar de minhas pálpebras.

terça-feira, 16 de março de 2010


Sempre quis escrever sobre algo, que eu nem sei o que poderia ser, tive vontade de sê-lo, e não fui, tive vontade de vê-lo e não fui! Como sabem aqueles pássaros que nunca estiveram lá, que é quente pra viver, lá? Lá onde recalco os pés, sem saber onde, porque que ainda não sei do escrevo. 
 Do lugar ao tempo. Do meu teto pequenino de morar à ponta daquele ano que me estendeu alguns minutos pra enrolar e saborear aquilo que ainda pode ser, e que talvez nunca será! 
Hoje enfim, sem ter tudo e ainda ter, não sei se começo assim, com aquilo que queria crescer, mas que agora foge como água da mão, que se esvai deixando o quinhão de quem deseja um gole. 
O homem ou a vontade de tomar forma naquilo que eu lhes apresento era mais ou menos assim: Nas linhas da mão, eu vi a cicatriz, que desviou a vida! 
Uma dose, pra quem beber aquilo que lhe cabe, sentir pura maldade e me mandar um blues da piedade sem errar meu coração!
Alinhar ao centro
Duas doses, pra quem tragar da minha idade, uma pitada de lorota, da velha que vivia à porta do bar do seu João! 
Uma garrafa de absinto, pra não dizer como me sinto, num bar que finjo e minto ser minha pura solidão! 
 Temi a vontade do discorrer, correr em muro, de moleque vir ao chão, eu não perdi a vontade de voltar. Eu sempre tive passos de voltar, uns dois olhos de mirar, e dedos pra contar, o quanto que fosse, e mesmo que fosse laborioso ter aqueles cachos nas mãos. 
E te gostar, me divertir e me revoltar com tento teu, de se entregar. Louvo ao vento mestre, que por vezes, e penadas tempestades me soprou errado. Esse eu temo, por horas da minha boca ser o mais desgraçado dos cúpidos, e o que me entorta pro caminho descuidado, da empreitada que tive por um segundo, quase vã, do teu cuidar de mim. 
Estranho riso, de cisma manca, de pedra rouca, de cerca aguda pra não pular, não tive vontade, de nada pra falar. Fui dias assim, de estreito viver e de um imenso penar. Alguém me disse das coisas que preciso fazer hoje. Tô indo!

quarta-feira, 10 de março de 2010

Esqueci de morrer pras tardes sólidas que me esperam quentes, lá fora.
 Esqueci de morrer pras fagulhas de amor que ainda teimo em espalhar por ai.
 Meus amores se revivem, num quase vão momento. Minhas dores são despidas, frente ao espelho, e só, tenho de cuidá-las.
 Não tenho amores, mas minha sina é amar, como quem, sem porque ou saber, ama.
Por que quem sabe amar, não ama, desfaz o ser em pequenos refúgios.
 Queria mesmo era ser o rio, que se mostra pra tolos, que ainda pensam ser o cálido, terno e mesmo rio, todos os dias.
O rio que lhes desperta, algo de bom nas tardes coloridas.